Projeto sobre mulheres negras no audiovisual inicia pesquisa de campo sobre gênero e raça entre os profissionais da área
O projeto Tem Mulher Negra no Audiovisual Campinense: Catálogo Profissional, aprovado na categoria pesquisas e publicações do último edital do Governo do Estado para distribuição de recursos da Lei Paulo Gustavo, está iniciando esta semana o trabalho de campo, com o levantamento de dados sobre gênero e raça entre os profissionais que atuam nas produtoras de audiovisual instaladas em Campina Grande. A equipe de pesquisa listou um total de sete produtoras operando na cidade, e outras nove profissionais independentes.
A última pesquisa divulgada pela Agência Nacional do Cinema – Ancine sobre Diversidade de Gênero e Raça nos lançamentos de filmes nacionais, expôs as desigualdades que ainda existem dentro do cenário audiovisual brasileiro. A pesquisa, divulgada em 2018, analisou 142 filmes produzidos no país e lançados em 2016. Os dados evidenciaram que os homens brancos são os mais contemplados com espaço no cenário audiovisual, sendo maioria entre os diretores (75,4%), produtores (59,9%) e também nos elencos.
No outro extremo estão as as mulheres negras, que ficam de fora de diversas categorias, não aparecendo nem como diretoras, nem como roteiristas. De acordo com a pesquisa, as mulheres negras estão na lista de produção-executiva, ao lado de mulheres brancas ou equipes mistas, correspondendo aos percentuais de 1% e 3%, respectivamente.
O projeto Tem Mulher Negra no Audiovisual Campinense: Catálogo Profissional, apoiado pela Associação Rede de Conexões para Cidadania – ARCCID, tem como objetivo conhecer essa presença negra feminina nas produtoras de audiovisual de Campina Grande e sequencialmente catalogar as mulheres negras que atuam na área de forma autônoma. “Estamos na etapa do levantamento de dados para saber se as mulheres negras compõem as equipes das produtoras de audiovisual existentes na cidade. Se as encontrarmos, queremos saber quais cargos elas exercem. Esgotada essa etapa de busca, seguiremos para o contato com mulheres negras que atuam na produção audiovisual de forma autônoma.”, informou a coordenadora do projeto, professora Carla Borba.
Com a pretensão de gerar visibilidade para as mulheres negras que atuam na produção audiovisual, o projeto idealizou a construção de um catálogo feminino com as profissionais que trabalham no cenário local, buscando reunir representantes das áreas de roteiro, pesquisa, direção, elenco, produção, arte-efeitos especiais, fotografia, making off, edição, pós-produção e animação. Uma das primeiras mulheres mapeadas foi Fabi Melo, que integra o quadro profissional da produtora Dedo Verde Filmes, atuando nas funções de diretora e cinegrafista. Assim como Fabi, o projeto pretende catalogar outros talentos da área.
“A gente acredita que com a ferramenta de divulgação sobre a atuação das mulheres negras no audiovisual será possível melhor inseri-las na disputa por espaços profissionais no setor da economia criativa da cidade e da região.”, afirmou a coordenadora do projeto.
Para quem tiver interesse em participar da pesquisa e/ou saber mais sobre o projeto pode encontrar informações no instagram @temmulhernegranoaudiovisual.
SELEÇÃO – A proposta foi uma das 3.359 inscritas no edital da Lei Paulo Gustavo do Estado, concorrendo no segmento das ações afirmativas, o qual correspondeu a 30,84% do total de propostas apresentadas. A proposta de pesquisa sobre a atuação de mulheres negras no audiovisual conseguiu ser um dos 108 projetos contemplados na terceira das 12 regionais.
Os projetos inscritos foram submetidos ao crivo de avaliadores internos e externos, com integrantes vindos de Pernambuco, Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Ceará, Sergipe, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.