O Projeto
O projeto Tem mulher negra no audiovisual campinense: catálogo profissional tem como objetivo elaborar a primeira edição de um catálogo em formato de ebook com profissionais negras atuantes no segmento do audiovisual em Campina Grande, com o propósito de gerar visibilidade para mulheres pretas e pardas qualificadas para o mercado produtor de documentários, curtas, médias e longas metragens.
O trabalho parte do pressuposto interseccional de que, se isolada, a opressão sexista já se constitui em obstáculo para a emancipação das mulheres e quando conjugada com a opressão racista pode chegar a desconsiderar a mulher negra enquanto sujeito, para a qual é apresentada majoritariamente a ocupação de lugar de subalternidade.
O projeto acredita que com a ferramenta de divulgação da atuação das mulheres negras no audiovisual será possível melhor inseri-las na disputa por espaços profissionais no setor da economia criativa da cidade e da região.
Mulheres negras ocupando espaços de projeção e poder é uma forma de subverter a lógica multiplamente opressora, sabendo que essa multiplicidade afunila as chances de protagonismo. Muitos ambientes profissionais são idealizados para a majoritária presença masculina, a exemplo do setor audiovisual, que mesmo que experimente um processo de feminização com o aumento da contratação de mulheres, não segue expansão semelhante em relação à diversidade étnico racial.
No imaginário social brasileiro, como denunciou a intelectual Lélia Gonzalez, a mulher negra ainda aparece como naturalmente ocupante de lugares da subalternidade. Mapear a presença da mulher negra atuante no universo do audiovisual é refletir sobre racismo estrutural que permeia as relações sociais e de trabalho. Concomitantemente é refletir também sobre a resistência dessa mulher negra que mesmo integrando o universo das minorias subalternizadas, sendo alvo de opressões múltiplas, ocupa um lugar que lhe é socialmente desautorizado.