Projeto aprovado na Lei Paulo Gustavo da Paraíba dará visibilidade ao trabalho de mulheres negras na produção audiovisual em Campina Grande
Jornalistas da cidade produzirão um catálogo digital que ficará pronto no segundo semestre de 2024
Um dos projetos selecionados no edital da Lei Paulo Gustavo publicado pelo Estado da Paraíba em 2023, tem como propósito gerar visibilidade para o trabalho de produção audiovisual realizado por mulheres negras na cidade de Campina Grande. O projeto, intitulado Tem Mulher Negra no Audiovisual Campinense: Catálogo Profissional, foi aprovado na categoria pesquisas e publicações, tendo como pretensão interferir na diversidade de gênero e de raça do circuito do audiovisual da cidade, de forma a garantir a exposição profissional de uma mulher negra presente, mas ainda invisibilizada no segmento.
Apoiado pela Associação Rede de Conexões para Cidadania – ARCCID, o projeto Tem Mulher Negra no Audiovisual Campinense, que foi contemplado com R$ 50 mil, reúne como pesquisadoras as jornalistas Myrlla dos Anjos e Valdívia Costa, duas mulheres negras também atuantes na produção audiovisual em Campina Grande.
Para a coordenadora do projeto, a jornalista e cientista social Carla Borba, a escolha da equipe seguiu também critérios de gênero e de raça, buscando uma coerência com as provocações pretendidas pela proposta. “Mulher negra ocupando espaços de projeção e poder constitui uma forma de subverter a lógica da dupla opressão de gênero e de raça que afunila as chances de protagonismo do público feminino não branco. Muitos ambientes profissionais são idealizados para a majoritária presença masculina, a exemplo do setor audiovisual, que mesmo que experimente um processo de feminização com o aumento da contratação de mulheres, não segue expansão semelhante em relação à diversidade étnico racial.”, considerou a coordenadora.
De acordo com o cronograma de atividades para realização da pesquisa e elaboração do catálogo, este mês de fevereiro está sendo dedicado ao processo de estruturação da equipe, mapeamento das produtoras audiovisuais locais e dos produtores independentes, elaboração do instrumento de pesquisa e construção da identidade visual.
A etapa de campo para coleta de dados deve acontecer durante o mês de março. Depois do levantamento das informações, os dados serão tratados para sequencialmente ser iniciada a elaboração do catálogo, que deve reunir mulheres com atuação nas áreas de roteiro-pesquisa, direção, elenco, produção, arte-efeitos especiais, fotografia, making off, edição, pós-produção e animação. A previsão é de lançamento do produto no início do segundo semestre.
“A gente acredita que com a ferramenta de divulgação sobre a atuação das mulheres negras no audiovisual será possível melhor inseri-las na disputa por espaços profissionais no setor da economia criativa da cidade e da região.”, afirmou a coordenadora do projeto.
Para quem tiver interesse em participar da pesquisa e/ou saber mais sobre o projeto pode encontrar informações no instagram @temmulhernegranoaudiovisual .
SELEÇÃO – A proposta foi uma das 3.359 inscritas no edital da Lei Paulo Gustavo do Estado, concorrendo no segmento das ações afirmativas, o qual correspondeu a 30,84% do total de propostas apresentadas. A proposta de pesquisa sobre a atuação de mulheres negras no audiovisual conseguiu ser um dos 108 projetos contemplados na terceira das 12 regionais.
Os projetos inscritos foram submetidos ao crivo de avaliadores internos e externos, com integrantes vindos de Pernambuco, Espírito Santo, Bahia, São Paulo, Ceará, Sergipe, Pará, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.